the eiai
ética, inteligência artificial e inovação
por Eduarda Chacon Rosas & amigos
the eiai
ÉTICA, INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E INOVAÇÃO
Aqui falarei sobre regulação e tecnologia, ética, humanidade, neurodiversidade e vida.
Resolvi criar um espaço no qual minhas ideias possam fluir. Espero que, fluindo, revelem que o silêncio sob meus pés é, na verdade, pó de estrela, estrada de alma, percurso de curiosos. Que a chuva de pensamentos faça brotar um jardim de descobertas. Partilharei o cheiro da e o som das palavras escritas. Trarei reflexões com cor, com forma e com textura.
Nem sempre o caminho que tomaremos está claro, às vezes o ruído em nossas mentes torna nossos pensamentos complicados de discernir; a intuição difícil de conciliar com a razão e até a coragem incompatível com o cansaço.
Esse espaço é um abrigo. Para mim. Para você. Um convite a novos erros - ao invés dos antigos. Oportunidade de ponderar sobre a regulação e o futuro da tecnologia, não a partir do que (não) sabemos, mas no que (ousadamente) sonhamos.
Eduarda Chacon Rosas
Mãe dos gêmeos, Maria e José Roberto. Doutoranda. Neurodivergente. Advogada pró-ética. Há mais de 10 anos advogo nas Cortes Superiores. Também atuo no Contencioso e no Consultivo "TechLegal". ECPC-B. CDPO/BR-IAPP. CIPM-IAPP. Mais ou menos nessa ordem mesmo.
O legislador até hoje regulou a partir do que ele sabia. E o que ele sabe só vai até hoje. Regular a tecnologia é como tentar descrever o sol do meio dia ou o futuro. É preciso reinventar a regulação.
Bolhas, bolhas. Pra que te quero?
Tenho pensado em bolhas. Sabemos da famosa bolha de informação… os algoritmos das plataformas de streaming, redes sociais, buscadores, sites, tentam compreender perfis e preferências para direcionar notícias, convites e publicidade adequados.
O debate é ultra-blaster-master complexo. A um, porque nós precisamos ser expostos ao dissenso; a dois, porque temos a prerrogativa de ajustar e repensar nosso gosto - o que fica difícil se não recebemos ofertas diferentes e não somos expostos a posicionamentos novos, estranhos e confusos. Superar a confusão nos fortalece.
O ser humano é flexível, é elástico e curioso, rico e controverso. Inquieto e inconstante. Comodidade é bom, claro, mas o excesso de mesmice faz mal. Nos torna mentalmente e emocionalmente pobres. Nos priva de desenvolver ferramentas para lidar com a diferença, com o desconforto.
Outro tipo de bolha é uma bolha “do bem”. São as “data bubbles”. Hubs de dados que se propõem a viabilizar a inovação, a pesquisa.
Pensemos na medicina e na IA. Como treinar a IA para compreender e analisar dados genéticos em conformidade com o GDPR ou a LGPD? Como anonimizar danos genéticos? Data bubbles seriam curadorias de dados criadas para resolver esse dilema legal/ético.
Bolhas, bolhas! As bolhas das quais quero falar hoje são as acadêmico-científicas que promovem o isolamento e a visão-túnel.
Um grupo discute IA generativa. Outro a relação entre IA e data privacy. Outro alinhamento ético valorativo no desenvolvimento da IA. Outro sandboxes para IA. Outro neurodireitos. Constitucionalismo digital. Medicina e IA. Autorregulação regulada e tecnologia. Regulação de redes sociais. Auditabilidade e transparência algoritmica. Cada um na sua bolha, no seu quadrado.
São estas as bolhas que me preocupam. Precisamos furar todas elas.
Temos que saber uns sobre as conclusões dos outros. Devemos sentar juntos na mesa e ponderar de que modo o que eu estudo ajuda você a resolver o problema que está enfrentando.
Não basta termos contatos em áreas diferentes: eu conversar com meu colega matemático e você com sua amiga jurista. Eu trocar uma ideia com certa engenheira e você com um filósofo.
Ser interdisciplinar não é conhecer muita gente e bater papo com todo mundo: é sentar-se na mesma mesa e furar bolhas. Muitas bolhas.
Temos que relacionar os problemas. Encontrar pontos de tensão e vieses. Descobrir “eurekas” comuns. Nos desesperar “com calma”, mas também alimentar esperanças mútuas. Pensar em caminhos alternativos e em objetivos novos. Circular as ideias.
Enquanto a IA prioriza economizar conexões na busca por resultados, o cérebro humano prioriza resultados. E. Ponto. A IA é linda a maravilhosa, mas a mente humana (ainda) é fabulosamente insuperável. Não a usar é desperdício.
Somos curiosos e criativos. Nossos sentimentos e nossa capacidade de empatia são únicos. Furemos, então, as bolhas que nos limitam ao nos isolar uns dos outros.
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